Depois de ler Submissão de Michel Houellebecq, autor que desconhecia, não
resisti em ler este seu outro livro O
Mapa e o Território. E fiquei absolutamente fã do autor.
Este livro é, à partida, um
romance sobre um homem que se torna num caso de sucesso mundial através,
primeiro, de uma série de fotografias que partiam dos mapas Michelin das
diferentes regiões, depois de uma série de quadros a óleo onde retrata
profissões, algumas já desaparecidas e outras entretanto surgidas. Mas depressa
se torna num jogo de observação da realidade social.
Jed Martin, esse artista que vive mais preocupado com o aquecimento
da sua casa do que com a mudança que poderia fazer com o dinheiro que recebeu,
insiste em convidar um autor de romances para escrever o texto para o catálogo
da sua exposição. O encontro com esse autor, Michel Houellebecq, permite que o
autor do livro, o mesmo ou outro Houllebecq, produza considerações sobre a sua
própria "persona" e, assim, se posicione e avalie em relação ao mundo
social, cultural, político e filosófico onde é tido como figura referencial,
apesar de polémico.
O Mapa e o Território não é apenas uma espécie de estado do mundo
público, é também uma reflexão sobre o modo como a pressão social esmaga e
sufoca o homem dito comum.
Carreira em oposição vida
sentimental; Desprezo pelo dinheiro; Desprezo por obrigações; Vidas familiares vazias
de sentido; Eutanásia; Utopias sociais. São estes os retratos ácidos que o
autor nos leva a refletir e a discutir. Recomendo vivamente.